Propina,
mensalão, superfaturamento, dinheiro na meia ou na cueca. Tudo isso faz
o Brasil perder, por ano, entre R$ 41,5 bilhões e R$ 69,1 bilhões,
segundo estudo do departamento de competitividade e tecnologia
(Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Numa escala de zero a 10 feita pela ONG Transparência Internacional –
pela qual quanto menor a pontuação, maior é o índice de corrupção – o
país tem 3,7 pontos. Se tivesse a mesma pontuação das nações menos
corruptas (7,45), o brasileiro poderia ser 15,5% mais rico.
O levantamento mostra que, hoje, cada
brasileiro recebe em média R$ 14,47 mil por ano, e passaria a receber R$
16,71 mil, ou seja, 4,4 salários mínimos a mais. Se a corrupção não
existisse, o aumento da renda per capita (R$ 18.388) seria de 27%, o
equivalente a quase oito salários mínimos a mais.
“Se o nível de corrupção no país
diminuísse, mais recursos seriam liberados para as atividades
produtivas, o que poderia gerar mais empregos, mais infraestrutura e um
maior crescimento econômico, o que se traduz em ganhos de
competitividade”, afirma o diretor do Decomtec, José Ricardo Roriz.
Na opinião do professor da área de
administração pública do Ibmec, Miguel Augusto Barbosa Dianese, a
produtividade é totalmente afetada, uma vez que os recursos desviados
deixam de ser aplicados em melhorias para a população. Simulações feitas
pela Fiesp mostram que, com os R$ 69,1 bilhões perdidos com a
corrupção, o governo poderia ampliar o número de alunos matriculados na
rede pública em 47%, ou elevar a quantidade de leitos para internação do
SUS em 89%.
Dianese destaca que, quanto maior o
índice de corrupção, pior fica a imagem do país no mercado internacional
e menor será a captação de investimentos estrangeiros. De acordo com
ele, uma das soluções para reduzir a ação de corruptos é acabar com a
prática da carta-convite. Por esse modelo, em vez de realizar uma
licitação, o governo tem a opção de convidar três empresas a
apresentarem propostas para o serviço a ser contratado.
“É o gestor que escolhe quem convidar.
Se fosse pelo processo de licitação, com a publicação de editais em
jornais de grande circulação, a competitividade seria maior e seria mais
fácil evitar favorecimentos”, avalia.
Por Queila Ariadne – Portal O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário