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sexta-feira, 30 de março de 2012
Mark Boyle, o homem que vive sem dinheiro
Mark Boyle é um irlandês de 32 anos que decidiu romper com a sociedade atual e o que considera seu principal símbolo: o dinheiro. Formado em administração de empresas, há 4 anos ele tomou uma atitude radical e passou a viver sem um tostão no bolso. Ele mora no campo, come o que planta, toma banho em um rio, cozinha em uma fogueira e abdicou das mordomias da vida moderna. E tem mais: ele quer que você também siga seu estilo de vida.
Boyle tomou essa decisão depois de ver como estamos levando o planeta para o buraco. Segundo o ativista, nossa economia estaria destruindo a natureza e arruinando a vida de nossos semelhantes. E a culpa de tudo estaria no dinheiro, que cria uma distância entre o homem e os produtos que ele consome. “Não vemos o efeito de nossas compras no ambiente. Não sabemos por quais processos os produtos passaram, quais os danos que eles causaram. Não sabemos mais como o que consumimos é produzido”, disse.
Apesar de evitar a civilização moderna, Boyle não é nenhum ermitão. De um computador carregado a energia solar, ele mantém um blog atualizado para propagar as suas idéias e juntar possíveis adeptos. Em 2010, ele lançou o livro The Moneyless Man (que vai ser lançado em julho no Brasil pela editora Best Seller, com o título de O homem sem grana). Até o final do ano, ele deve lançar mais um livro no Reino Unido.
Há 6 meses, Boyle retrocedeu um pouco em suas convicções e voltou a lidar com o vil metal. Mas ele diz que tem um objetivo nobre: vai construir uma comunidade que siga seu estilo de vida, onde todos terão acesso aos alimentos, e o dinheiro não terá valor algum. Veja a entrevista:
Quanto tempo você viveu sem dinheiro?
Foram dois anos e meio, quase três. Eu vivi num pedaço de terra, onde cultivava minha própria comida. Eu uso um pouco de energia solar para o meu laptop, que é o único modo de me comunicar com o resto do mundo - eu tenho que conseguir mostrar às pessoas que é possível viver sem dinheiro. Tomo banhos em um rio aqui perto. Uso materiais da natureza no meu dia-a-dia: escovo meus dentes com ossos de animais misturados com sementes.
Mas como é sua rotina? Como foi seu dia hoje, por exemplo?
Foi bem normal na verdade, sempre me fazem essa pergunta. Eu coletei frutas, tomei banho no rio... Tem alguns dias que passo inteiro plantando, outros colhendo. Em alguns outros eu recolho lenha. Daí volto a plantar. Meu dia-a-dia é basicamente ir atrás das coisas essenciais sem gastar dinheiro. E isso exige habilidades muito básicas. Além dessas coisas, também fico cuidando da comunicação, falando com a mídia. Sabe, minha história fez sucesso nos jornais daqui e acabei dando muitas entrevistas. Escrevo bastante, acabei de terminar de escrever um segundo livro que será lançado no final do ano. Mas, ao mesmo tempo em que cuido dessas coisas, tenho que sobreviver.
O que fez você seguir esse estilo de vida?
Eu estava em uma época de questionamentos, pensando sobre todos os problemas do mundo: destruição das florestas, trabalho forçado, extinção dos recursos da natureza. Estava pensando nos problemas ecológicos e sociais, em quais deles eu poderia trabalhar, e percebi que todos têm um denominador em comum. Eles são causados pelos vários graus de separação entre o consumidor e o que ele consome. A gente não sabe por quais processos os produtos passam, quais os danos que eles causam. Não sabemos mais como o que consumimos é produzido. Aí eu percebi que o dinheiro era um fato muito importante dentro disso, ele nos separa do que consumimos.
Minha primeira ideia foi falar sobre as conseqüências do uso do dinheiro, porque todos sabemos de seus benefícios, mas ninguém fala de suas conseqüências. Mas depois de 6 meses discorrendo sobre isso, vi que eu deveria dar o exemplo. Acredito muito na frase de Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Se eu vou falar disso, o mínimo que eu deveria fazer é viver isso. Acho que dinheiro nos causa danos de várias formas. Combinado com outros fatores econômicos, como a divisão do trabalho e economia de larga escala, está destruindo a natureza, porque não vemos os efeitos de nossas compras no ambiente.
Você é formado em administração de empresas. Isso tem alguma coisa a ver com o rumo que tomou?
Claro. Compreender como tudo funciona foi muito crucial. Quanto mais você entende de economia e dos processos envolvidos, mais você percebe que é insustentável. Durante 4 anos estudando economia, eu nunca ouvi falar do mundo real. Ninguém fala de pessoas, solo, oceanos, florestas. Só aprendemos teorias e equações, sem nos importar com o mundo real e com o fato de o estarmos destruindo. Isso me deu uma ideia das falhas básicas do nosso modelo econômico. O que estou tentando fazer é criar uma nova história, explorar um novo modelo que não seja tão dependente do dinheiro, baseado na comunidade e na relação com a terra.
O que sua família pensou dessa mudança?
Eles me deram muito apoio. De inicio, eles não falaram muito sobre isso, porque foi uma mudança muito súbita. Mas hoje eles me dão apoio total, vêem que o mundo fica cada vez pior. Quanto mais conversamos, mais eles percebem que nos próximos cem anos as coisas vão ficar muito difíceis, inclusive para seus futuros netos.
Nos últimos meses você voltou a lidar com dinheiro. Por quê?
Estamos começando um projeto de comunidade onde possamos viver 100% da terra. Onde possamos viver de um modo que não haja trocas. Vamos plantar comida e dar cursos para quem não souber plantar. Os cursos serão livres. As pessoas que forem para os cursos também irão produzir as comidas nessa terra. Queremos mostrar um outro modo de viver junto, de produzir as comidas de que precisamos. A intenção não é só reduzir nosso impacto no planeta, mas queremos fazer uma economia baseada no “dar”. Não acreditamos no “dar” condicional, que é o “trocar”, o “eu te dou isso se você me der aquilo”. Esse é um jeito muito cruel de viver. Não precisamos sempre receber algo em troca. Você acha seu movimento vai ganhar mais adeptos?
Em 2008, quando a crise estourou, o movimento cresceu muito. E agora cresce bastante em países como Grécia e Portugal. É interessante ver que, quando a economia normal se deteriora, as pessoas começam a procurar por outros modos de viver. Estamos crescendo bem rápido. Quando tudo começa a dar errado, as pessoas procuram por um modo de se salvar. É por isso que estou tão ocupado hoje em dia, as pessoas querem saber sobre isso. Muitos querem saber como viver sem dinheiro, já que não têm dinheiro.
E você acha que dá pra todo mundo viver assim?
Acho que precisamos de uma transição. Precisamos mostrar as conseqüências ecológicas e sociais de nossa economia atual. Acredito que as pessoas vão entender que largar o dinheiro é o único jeito sustentável de viver. Acho que viveremos uma transição para sermos menos dependentes do dinheiro, para restabelecermos nossa conexão com a comunidade e com a terra sob nossos pés.
fonte: Revista Galileu
quinta-feira, 29 de março de 2012
Musica da semana - Curitibisse (feliz aniversário Curitiba)
Olá amigos !
Se enganou quem pensou que mais uma vez ficariamos sem a musica da semana, pois é decidi apenas adiá-la até a quinta-feira para poder oferece-la de aniversário a nossa amada cidade de Curitiba.
Sendo assim a musica de hoje é "Curitibisse" toca por Luiz Folmann num agradável ritmo voz e violão, então chega de papo, e feliz 319 anos Curitiba.
Se enganou quem pensou que mais uma vez ficariamos sem a musica da semana, pois é decidi apenas adiá-la até a quinta-feira para poder oferece-la de aniversário a nossa amada cidade de Curitiba.
Sendo assim a musica de hoje é "Curitibisse" toca por Luiz Folmann num agradável ritmo voz e violão, então chega de papo, e feliz 319 anos Curitiba.
Radiação em Fukushima ainda está em níveis fatais
Algumas áreas são acessíveis por pessoas com roupas isolantes. (Fonte da imagem:Reprodução/Reuters)
Passado pouco mais de um ano do acidente nuclear de Fukushima (que só piorou a situação do Japão na época, que já sofria com terremotos e tsunami), a usina ainda tem potencial para matar. É essa a conclusão do último relatório de vistoria realizado no local, que ainda não está totalmente reformado.
De acordo com a Al Jazeera, o segundo reator de Fukushima, ainda bastante danificado, apresenta um potencial radioativo “altamente fatal”. Uma máquina equipada com câmera, termômetro e um dosímetro, entrou em todos os cantos do complexo para para avaliar a quantidade de radiação na atmosfera.
Para trabalhar lá, os empregados precisarão de roupas especiais – e alguns galpões só poderão ser acessados por alguns minutos, até que a exposição seja considerada danosa mesmo com a vestimenta isolante. O processo de recuperação total do local deve levar algumas décadas.
Outro aspecto do reator é seu resfriamento, justamente o ponto danificado pelo terremoto de 2011. De acordo com o relatório, a capacidade de armazenamento de água atualmente é bem menos do que o original, o que traria consequências ainda piores em acidentes futuros.
(Tecmundo)
quarta-feira, 28 de março de 2012
Brasil também teve campos de concentração
Durante a 2ª Guerra, também tivemos nossos campos de concentração - onde japoneses, italianos e principalmente alemães ficaram confinados. Conheça as histórias dessas pessoas
Manhã de 2 de março de 1944. Na Estação Experimental de Produção Animal de Pindamonhangaba, uma fazenda no interior de São Paulo, ouviu-se um som que não era comum no local. Era o choro de uma criança nascendo. Mas não uma criança qualquer. O choro era de Carlos Johanes Braak, o único brasileiro nascido em um campo de concentração - e em seu próprio país. Durante a 2a Guerra Mundial, o Brasil manteve 31 campos de concentração, para onde mandava os cidadãos de países do Eixo - a coligação formada por Itália, Japão e Alemanha. Os pais de Carlos, que eram alemães, estavam entre as centenas de pessoas que viveram esse lado menos cordial da história brasileira. "Era uma fazenda. O estábulo virou um dormitório. Minha mãe ficava numa casa, separada. Foi onde passei os dois primeiros anos da minha vida", lembra Carlos.
O pai de Carlos se chamava August Braak. Sua mãe, Hildegard Lange. Eles partiram de Hamburgo, na Alemanha, em direção à Cidade do Cabo, na África do Sul. Estavam a bordo de um navio chamado Windhuk, no qual August trabalhava como comissário e tesoureiro.
O Windhuk era uma embarcação turística, mas também coletava mercadorias. Quando a 2a Guerra começou, o navio já estava no continente africano - em Lobito, Angola, recebendo um carregamento de laranjas. O navio não tinha como voltar para a Alemanha em guerra, pois estava sendo perseguido por embarcações inglesas. O capitão decidiu fugir para o Brasil. E a embarcação acabou chegando ao Porto de Santos disfarçada de navio japonês, com o nome de Santos Maru, em 7 de dezembro de 1939.
Assim que o navio chegou aqui, ficou evidente que ele não era japonês coisa nenhuma. Mas os alemães foram bem recebidos. August e Hidelgard, bem como os outros 242 tripulantes, viviam em Santos e redondezas. Alguns moravam no próprio barco, outros, em pensões. Todos recebiam salários do governo alemão, e levavam uma boa vida. Em 19 de abril de 1940, os pais de Carlos se casaram numa festa a bordo do navio.
Mas, em 1942, tudo mudou. O Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo - cujos cidadãos passaram a ser considerados inimigos. "O governo brasileiro precisava fazer isso [criar os campos de concentração] para se alinhar com as estratégias dos Aliados e dos EUA", explica a pesquisadora Priscila Perazzo, autora do livro Prisioneiros da Guerra (Ed. Humanitas). Alguns estrangeiros foram mandados para presídios comuns - como os de Ilha Grande e Ilha das Flores (RJ). Mas a maioria foi para campos de concentração, organizados pelo Ministério da Justiça.
Os pais de Carlos foram parar num desses campos - a fazenda em Pindamonhangaba, onde ficaram confinados 136 alemães do navio Windhuk. Eles foram presos porque seu navio tinha chegado ao Brasil durante a guerra, coisa que o governo interpretou como uma ameaça.
Os prisioneiros não podiam manter suas tradições. Nada de ler livros em alemão, por exemplo. Mas o clima era relativamente tranquilo. Alguns prisioneiros podiam visitar o centro da cidade aos sábados, aonde iam acompanhados pelos guardas. "Era comum os presos chegarem carregando os fuzis dos guardas, que sempre voltavam bêbados", diz Carlos.
Trabalhos forçados
A outra parte da tripulação do navio foi parar no campo de Guaratinguetá - entre eles Horst Judes, também tripulante do Windhuk, que tinha 19 anos. Quando desembarcou em Santos, foi um dos que ficaram vivendo no navio, até ser preso em 1942. No campo de concentração de Guarantinguetá, o tratamento não era tão bom. "Éramos obrigados a trabalhar no campo", conta o alemão, hoje com 87 anos e dono de uma chácara no interior de São Paulo. A rotina no campo de Guarantinguetá era acordar cedo, pegar enxada e picareta e dar duro. Cada prisioneiro levava um número nas costas. "O meu era 17", conta Horst. O café da manhã tinha dois pãezinhos e uma caneca de café. No almoço e no jantar era só arroz com feijão. Às quintas e aos domingos, era dia de macarrão. Mas a comida nem sempre era suficiente, e os prisioneiros dependiam de padrinhos, geralmente alemães livres, que os ajudavam de diversas maneiras. Alemães livres? Sim. A maior parte dos imigrantes não foi presa. Iam para os campos aqueles que chegavam ao Brasil em plena guerra, ou eram suspeitos de espionagem.
Foi graças a esse apadrinhamento que Horst conseguiu sobreviver depois de ser solto, em 1945. "Saímos do campo sem dinheiro nem emprego. Foram os padrinhos que nos ajudaram. O meu era de São Paulo. Trabalhei como mordomo e até como taxista", conta. Como a maioria desses estrangeiros, ele também constituiu uma família brasileira, e diz gostar do país que adotou de maneira forçada.
Na época, o governo brasileiro fazia de tudo para mostrar que os prisioneiros de guerra eram bem tratados - o que nem sempre era verdade. O tempo de internamento variava. Houve pessoas que ficaram 3 anos presas, mas outras conseguiam ser libertadas mais cedo. Também é difícil definir exatamente o número de presos que foram mandados para os campos de concentração brasileiros entre 1942 e 1945, pois os registros são vagos. Mas existe uma documentação que revela nomes e, em alguns campos, o número exato de prisioneiros que passaram por lá. Os registros comprovam que a maioria era de alemães, seguidos de japoneses em bem menor número, italianos e um ou outro austríaco.
Juventude Hitlerista
Poucas pessoas foram tão afetadas com o internamento nos campos quanto Ingrid Helga Koster, cujas memórias registrou no livro Ingrid, uma História de Exílios (Ed. Sagüi). Nascida no Paraná, ela se tornou órfã de pai com apenas 1 ano de idade. Quando tinha 5 anos, sua mãe se casou novamente, com um alemão. Seu padrasto, Karl von Schültze, tinha migrado para o Brasil em 1920, para fugir da crise que castigava a Alemanha depois da 1a Guerra Mundial. Schültze chegou aqui e, junto com outros estrangeiros, começou a trabalhar em uma empresa alemã, a AEG, fazendo instalações elétricas em vários lugares do país. Ele se casou com a mãe de Ingrid no início dos anos 30, em Rio Negro, no Paraná. Pouco depois a família, já com duas outras filhas, se mudou para Joinville, em Santa Catarina, cidade dominada pela cultura alemã. Ingrid se lembra de ouvir no rádio um novo chanceler que assumira o poder na Alemanha, cujo carisma a deixava emocionada. "Eu ficava arrepiada. Ele sabia falar com o povo. Nós não imaginávamos o que estava acontecendo", conta Ingrid. O tal chanceler era Hitler.
Então começou a guerra, e o pai de Ingrid pressentiu que as coisas ficariam ruins. Ele proibiu, mais de uma vez, que Ingrid se unisse ao movimento Juventude Hitlerista que existia em Joinville. Na Alemanha, esse grupo foi criado para reunir e doutrinar ideologicamente os jovens de 6 a 18 anos. No Brasil, o grupo assumiu um tom mais brando - servia principalmente como ponto de encontro para os imigrantes alemães. Mas o pai de Ingrid não quis nem saber. E também queimou todos os livros em alemão que tinha em casa. Entre eles o famoso Mein Kampf (Minha Luta), de Hitler.
Até que, em 1942, a polícia bateu à porta. "Eles chegaram procurando pelo meu pai, o levaram e ficamos dias sem notícias. Até que chegou um comunicado dizendo que ele estava preso aqui em Joinville", lembra ela, que depois de algum tempo passou a levar marmitas para seu pai no Hospital Oscar Schneider, adaptado como campo de concentração à época. O governo brasileiro acreditava que Karl fosse um espião nazista. Por isso, o regime de confinamento dele era rígido. Nos dois meses em que ficou em Joinville, nenhum familiar pode visitá-lo. A marmita era entregue aos guardas. Até que certo dia, quando Ingrid foi levar a comida, lhe avisaram que seu pai não estava mais lá: tinha sido transferido para o Presídio da Ilha das Flores, no Rio de Janeiro. "Nosso dinheiro acabou e tivemos que voltar para o Paraná, viver do jeito que dava", diz Ingrid. "Nossa casa era apedrejada, pichavam a suástica nos muros. Nós éramos o inimigo."
Daí em diante, ela só pôde visitar o padrasto uma vez por ano - no Natal. Quando a guerra acabou, Karl foi libertado por falta de provas. Mas seu chefe na AEG, Albrecht Gustav Engels, acabou condenado a 8 anos de prisão por fazer espionagem nazista. "Meu pai nunca falou sobre os tempos em que ficou preso. Mas acredito que tenha sofrido muito, inclusive tortura, porque antes era uma pessoa alegre e depois se tornou calado, triste", conta Ingrid. Ela chegou a perguntar antes de o padrasto morrer, em 1966, se ele realmente espionara. Karl deu uma resposta vaga, e disse apenas que não foi condenado. Então ele era mesmo um espião nazista? "Até hoje não tenho certeza", admite Ingrid.
Mesmo tendo passado por sofrimentos e humilhações, os prisioneiros alemães não quiseram deixar o Brasil depois da guerra. Como o padrasto de Ingrid. "Quando eu perguntava se ele não gostaria de voltar, ele dizia que, apesar de tudo, agora era brasileiro."
(Superinteressante)
Manhã de 2 de março de 1944. Na Estação Experimental de Produção Animal de Pindamonhangaba, uma fazenda no interior de São Paulo, ouviu-se um som que não era comum no local. Era o choro de uma criança nascendo. Mas não uma criança qualquer. O choro era de Carlos Johanes Braak, o único brasileiro nascido em um campo de concentração - e em seu próprio país. Durante a 2a Guerra Mundial, o Brasil manteve 31 campos de concentração, para onde mandava os cidadãos de países do Eixo - a coligação formada por Itália, Japão e Alemanha. Os pais de Carlos, que eram alemães, estavam entre as centenas de pessoas que viveram esse lado menos cordial da história brasileira. "Era uma fazenda. O estábulo virou um dormitório. Minha mãe ficava numa casa, separada. Foi onde passei os dois primeiros anos da minha vida", lembra Carlos.
O pai de Carlos se chamava August Braak. Sua mãe, Hildegard Lange. Eles partiram de Hamburgo, na Alemanha, em direção à Cidade do Cabo, na África do Sul. Estavam a bordo de um navio chamado Windhuk, no qual August trabalhava como comissário e tesoureiro.
O Windhuk era uma embarcação turística, mas também coletava mercadorias. Quando a 2a Guerra começou, o navio já estava no continente africano - em Lobito, Angola, recebendo um carregamento de laranjas. O navio não tinha como voltar para a Alemanha em guerra, pois estava sendo perseguido por embarcações inglesas. O capitão decidiu fugir para o Brasil. E a embarcação acabou chegando ao Porto de Santos disfarçada de navio japonês, com o nome de Santos Maru, em 7 de dezembro de 1939.
Assim que o navio chegou aqui, ficou evidente que ele não era japonês coisa nenhuma. Mas os alemães foram bem recebidos. August e Hidelgard, bem como os outros 242 tripulantes, viviam em Santos e redondezas. Alguns moravam no próprio barco, outros, em pensões. Todos recebiam salários do governo alemão, e levavam uma boa vida. Em 19 de abril de 1940, os pais de Carlos se casaram numa festa a bordo do navio.
Mas, em 1942, tudo mudou. O Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo - cujos cidadãos passaram a ser considerados inimigos. "O governo brasileiro precisava fazer isso [criar os campos de concentração] para se alinhar com as estratégias dos Aliados e dos EUA", explica a pesquisadora Priscila Perazzo, autora do livro Prisioneiros da Guerra (Ed. Humanitas). Alguns estrangeiros foram mandados para presídios comuns - como os de Ilha Grande e Ilha das Flores (RJ). Mas a maioria foi para campos de concentração, organizados pelo Ministério da Justiça.
Os pais de Carlos foram parar num desses campos - a fazenda em Pindamonhangaba, onde ficaram confinados 136 alemães do navio Windhuk. Eles foram presos porque seu navio tinha chegado ao Brasil durante a guerra, coisa que o governo interpretou como uma ameaça.
Os prisioneiros não podiam manter suas tradições. Nada de ler livros em alemão, por exemplo. Mas o clima era relativamente tranquilo. Alguns prisioneiros podiam visitar o centro da cidade aos sábados, aonde iam acompanhados pelos guardas. "Era comum os presos chegarem carregando os fuzis dos guardas, que sempre voltavam bêbados", diz Carlos.
Trabalhos forçados
A outra parte da tripulação do navio foi parar no campo de Guaratinguetá - entre eles Horst Judes, também tripulante do Windhuk, que tinha 19 anos. Quando desembarcou em Santos, foi um dos que ficaram vivendo no navio, até ser preso em 1942. No campo de concentração de Guarantinguetá, o tratamento não era tão bom. "Éramos obrigados a trabalhar no campo", conta o alemão, hoje com 87 anos e dono de uma chácara no interior de São Paulo. A rotina no campo de Guarantinguetá era acordar cedo, pegar enxada e picareta e dar duro. Cada prisioneiro levava um número nas costas. "O meu era 17", conta Horst. O café da manhã tinha dois pãezinhos e uma caneca de café. No almoço e no jantar era só arroz com feijão. Às quintas e aos domingos, era dia de macarrão. Mas a comida nem sempre era suficiente, e os prisioneiros dependiam de padrinhos, geralmente alemães livres, que os ajudavam de diversas maneiras. Alemães livres? Sim. A maior parte dos imigrantes não foi presa. Iam para os campos aqueles que chegavam ao Brasil em plena guerra, ou eram suspeitos de espionagem.
Foi graças a esse apadrinhamento que Horst conseguiu sobreviver depois de ser solto, em 1945. "Saímos do campo sem dinheiro nem emprego. Foram os padrinhos que nos ajudaram. O meu era de São Paulo. Trabalhei como mordomo e até como taxista", conta. Como a maioria desses estrangeiros, ele também constituiu uma família brasileira, e diz gostar do país que adotou de maneira forçada.
Na época, o governo brasileiro fazia de tudo para mostrar que os prisioneiros de guerra eram bem tratados - o que nem sempre era verdade. O tempo de internamento variava. Houve pessoas que ficaram 3 anos presas, mas outras conseguiam ser libertadas mais cedo. Também é difícil definir exatamente o número de presos que foram mandados para os campos de concentração brasileiros entre 1942 e 1945, pois os registros são vagos. Mas existe uma documentação que revela nomes e, em alguns campos, o número exato de prisioneiros que passaram por lá. Os registros comprovam que a maioria era de alemães, seguidos de japoneses em bem menor número, italianos e um ou outro austríaco.
Juventude Hitlerista
Poucas pessoas foram tão afetadas com o internamento nos campos quanto Ingrid Helga Koster, cujas memórias registrou no livro Ingrid, uma História de Exílios (Ed. Sagüi). Nascida no Paraná, ela se tornou órfã de pai com apenas 1 ano de idade. Quando tinha 5 anos, sua mãe se casou novamente, com um alemão. Seu padrasto, Karl von Schültze, tinha migrado para o Brasil em 1920, para fugir da crise que castigava a Alemanha depois da 1a Guerra Mundial. Schültze chegou aqui e, junto com outros estrangeiros, começou a trabalhar em uma empresa alemã, a AEG, fazendo instalações elétricas em vários lugares do país. Ele se casou com a mãe de Ingrid no início dos anos 30, em Rio Negro, no Paraná. Pouco depois a família, já com duas outras filhas, se mudou para Joinville, em Santa Catarina, cidade dominada pela cultura alemã. Ingrid se lembra de ouvir no rádio um novo chanceler que assumira o poder na Alemanha, cujo carisma a deixava emocionada. "Eu ficava arrepiada. Ele sabia falar com o povo. Nós não imaginávamos o que estava acontecendo", conta Ingrid. O tal chanceler era Hitler.
Então começou a guerra, e o pai de Ingrid pressentiu que as coisas ficariam ruins. Ele proibiu, mais de uma vez, que Ingrid se unisse ao movimento Juventude Hitlerista que existia em Joinville. Na Alemanha, esse grupo foi criado para reunir e doutrinar ideologicamente os jovens de 6 a 18 anos. No Brasil, o grupo assumiu um tom mais brando - servia principalmente como ponto de encontro para os imigrantes alemães. Mas o pai de Ingrid não quis nem saber. E também queimou todos os livros em alemão que tinha em casa. Entre eles o famoso Mein Kampf (Minha Luta), de Hitler.
Até que, em 1942, a polícia bateu à porta. "Eles chegaram procurando pelo meu pai, o levaram e ficamos dias sem notícias. Até que chegou um comunicado dizendo que ele estava preso aqui em Joinville", lembra ela, que depois de algum tempo passou a levar marmitas para seu pai no Hospital Oscar Schneider, adaptado como campo de concentração à época. O governo brasileiro acreditava que Karl fosse um espião nazista. Por isso, o regime de confinamento dele era rígido. Nos dois meses em que ficou em Joinville, nenhum familiar pode visitá-lo. A marmita era entregue aos guardas. Até que certo dia, quando Ingrid foi levar a comida, lhe avisaram que seu pai não estava mais lá: tinha sido transferido para o Presídio da Ilha das Flores, no Rio de Janeiro. "Nosso dinheiro acabou e tivemos que voltar para o Paraná, viver do jeito que dava", diz Ingrid. "Nossa casa era apedrejada, pichavam a suástica nos muros. Nós éramos o inimigo."
Daí em diante, ela só pôde visitar o padrasto uma vez por ano - no Natal. Quando a guerra acabou, Karl foi libertado por falta de provas. Mas seu chefe na AEG, Albrecht Gustav Engels, acabou condenado a 8 anos de prisão por fazer espionagem nazista. "Meu pai nunca falou sobre os tempos em que ficou preso. Mas acredito que tenha sofrido muito, inclusive tortura, porque antes era uma pessoa alegre e depois se tornou calado, triste", conta Ingrid. Ela chegou a perguntar antes de o padrasto morrer, em 1966, se ele realmente espionara. Karl deu uma resposta vaga, e disse apenas que não foi condenado. Então ele era mesmo um espião nazista? "Até hoje não tenho certeza", admite Ingrid.
Mesmo tendo passado por sofrimentos e humilhações, os prisioneiros alemães não quiseram deixar o Brasil depois da guerra. Como o padrasto de Ingrid. "Quando eu perguntava se ele não gostaria de voltar, ele dizia que, apesar de tudo, agora era brasileiro."
(Superinteressante)
segunda-feira, 26 de março de 2012
Guerra Santa Financeira continua Valdomiro X Macedo
O líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago, negou as acusações feitas pelo programa Domingo Espetacular, da Rede Record de Televisão, no último dia 18 de março. A reportagem, baseada em documentos e registros em cartório, afirmou que Santiago teria desviado dinheiro da igreja e comprado duas fazendas no Mato Grosso. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo neste domingo (25), o religioso afirmou que as propriedades não são suas, mas da igreja. O pastor desafiou ainda a Record e o líder da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Edir Macedo, a abrirem suas contas a uma auditoria externa e independente. "Eu abro minhas contas, quero que sejam investigadas. Quero ver se ele (Macedo) faz o mesmo. Quero ver ele (sic) provar com que dinheiro comprou a emissora dele", declarou. Procurada pelo diário paulista, a Record informou por meio de sua assessoria que "a emissora e seu principal acionista, Edir Macedo, já foram vítimas de várias acusações levianas como estas que acabaram arquivadas no Supremo Tribunal Federal". Questionado se, como religiosos, tanto ele, Santiago, quanto Macedo não estariam a dar exemplo oposto ao que, por exemplo, pregou Jesus Cristo a respeito de não se odiar aos inimigos (Mateus 5,43 e Romanos 12,20, entre outros trechos bíblicos), o líder da Mundial respondeu: “Não tenho ódio (de Macedo). Eu oro por ele nas madrugadas. Eu abençoei a mãe dele. Fiz oração para curá-la. Isso não é ódio, é amor. Odiar é atacar como ele está fazendo", criticou.
(www.bahianoticias.com.br).
domingo, 25 de março de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
Chips rastreadores, uma má noticia para alunos que gostam de matar aula !
Vitória da Conquista (BA) vai ser a primeira cidade do País a monitorar seus estudantes por meio de chips eletrônicos, que vão avisar pais e responsáveis sobre a frequência dos estudantes nas escolas. Os Uniformes Escolares Inteligentes foram apresentados terça-feira pela Secretaria de Educação do município. Eles trazem o chip instalado no escudo da escola ou na manga da camisa. Com a tecnologia de Rádio-Frequência de identificação (RFID), os chips serão identificados por sensores instalados na entrada das escolas. Imediatamente, o sistema da escola e os celulares cadastrados pelos pais ou responsáveis pelos estudantes receberão uma mensagem, comunicando a chegada ou saída do aluno da instituição. Segundo o secretário de Educação do município, Coriolano Moraes, o investimento na tecnologia foi de R$ 1,2 milhão e contemplará, a partir da próxima semana, alunos de 25 escolas municipais, das 203 da rede. A expectativa é que todos os 43 mil estudantes da rede, de entre 6 e 14 anos, tenham os novos uniformes até o ano que vem. "Além de promover o melhor controle da frequência escolar, este é um projeto que reaproxima os pais do ambiente escolar", acredita o gestor. "Notamos ao longo dos anos que muitos pais ficavam surpresos quando as escolas informavam a baixa frequência de seus filhos às aulas", afirma Moraes. "Com o novo sistema, vamos intensificar o controle sobre os estudantes, evitando que eles fiquem nas ruas", acrescentou.
Vitória da Conquista (BA) vai ser a primeira cidade do País a monitorar seus estudantes por meio de chips eletrônicos, que vão avisar pais e responsáveis sobre a frequência dos estudantes nas escolas. Os Uniformes Escolares Inteligentes foram apresentados terça-feira pela Secretaria de Educação do município. Eles trazem o chip instalado no escudo da escola ou na manga da camisa. Com a tecnologia de Rádio-Frequência de identificação (RFID), os chips serão identificados por sensores instalados na entrada das escolas. Imediatamente, o sistema da escola e os celulares cadastrados pelos pais ou responsáveis pelos estudantes receberão uma mensagem, comunicando a chegada ou saída do aluno da instituição. Segundo o secretário de Educação do município, Coriolano Moraes, o investimento na tecnologia foi de R$ 1,2 milhão e contemplará, a partir da próxima semana, alunos de 25 escolas municipais, das 203 da rede. A expectativa é que todos os 43 mil estudantes da rede, de entre 6 e 14 anos, tenham os novos uniformes até o ano que vem. "Além de promover o melhor controle da frequência escolar, este é um projeto que reaproxima os pais do ambiente escolar", acredita o gestor. "Notamos ao longo dos anos que muitos pais ficavam surpresos quando as escolas informavam a baixa frequência de seus filhos às aulas", afirma Moraes. "Com o novo sistema, vamos intensificar o controle sobre os estudantes, evitando que eles fiquem nas ruas", acrescentou.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Ex-ministro da Justiça é contratado por Eike Batista para defender filho
Márcio Thomaz Bastos terá companhia de Celso Vilardi na defesa de Thor.
Jovem atropelou e matou um ciclista de 30 anos na noite de sábado.
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos foi contratado pelo empresário Eike Batista para defender seu filho, Thor Batista, que na noite de sábado (17) atropelou um ciclista na BR-040, na altura de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Além de Thomaz Bastos, que faz parte do escritório Chiaparini e Bastos Advogados, também foi contratado para o caso Celso Sanchez Vilardi, do escritório Vilardi & Advogados Associados. Ambos os escritórios têm sede em São Paulo. Celso Vilardi acompanhou o jovem no depoimento desta quarta-feira (21).
No seu Twitter, Eike Batista justificou a contratação do ex-ministro: "Só contrato o melhor". Thomaz Bastos é um dos maiores especialistas em direito criminal do país e foi ministro da Justiça no primeiro governo de Lula.
Certamente com estes representantes Thor se isenterá de qualquer culpa possível, isso nos faz ter a certeza de que neste país o dinheiro fala mais alto do que a lei, ainda mais sendo o acusado filho de que é.
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