O povo tem os seus adágios que ao longo do tempo tornam-se preceitos e verdades incontestáveis. O título acima, que irá dar nome a este artigo, é um exemplo. Será que cada povo tem o governo que merece? É uma resposta subjetiva, cada pessoa enxerga de acordo com sua experiência de vida. Particularmente, achamos que cada governo é a sublimação da vontade do povo, ele representa os anseios e os ideais da maioria. Se o governo eleito, é corrupto, é porque a maioria que o elegeu é corrupta, ou acha que a corrupção é uma prática histórica aceitável e incorrigível. É comum se usar o slogan: “rouba. mas faz!”, que para alguns, é melhor roubar e fazer do que não roubar e nada fazer. Lembram-se da famigerada “Lei Gerson”? Parece que a nossa história de miscigenação contribuiu para formação duma índole culturalmente não muito ética. O atual horário político traz a triste realidade da falta de compromisso do brasileiro com a atividade política quando numa enquête de quem votou em deputado estadual ou federal na última eleição, as pessoas não se lembram, então, quando respondem: “não me envolvo em política”, “não tenho nada com isso”, “o meu voto não faz diferença”, “um voto só não faz a mínima importância”, numa manifesta ojeriza. Entendemos que a classe política é necessária. Não podemos prescindir do político (algumas pessoas ainda não se deram conta que é melhor um governo democrático, cheio de mazelas e defeitos, mas com sua liberdade individual preservada do que uma ditadura por mais incorruptível que seja), entretanto, temos que fazer da democracia um exercício de permanente cobrança. Se não indicamos pessoas com história de vida ilibada para nos representar nos legislativos e nos executivos, não teremos condições de exigir atitudes éticas dos políticos se não usamos critérios para elegê-los. As pessoas não reconhecem que as políticas públicas e as ações de governo neste país estão cada vez mais ineficientes e os programas assistenciais (esmolas públicas) sem conteúdo educacional, sem cobrança, têm contribuído apenas para formação de uma parcela de parias sociais, sem força produtiva, às expensas do estado e da sociedade. Recebi na semana passada, do agrônomo José Celso de Santana, cópia de uma carta recebida pelo jornalista Alexandre Garcia, de um amigo americano, que começa provocando-o: “Quem é mais rico, o Brasil ou os EUA?”, claro que a resposta à primeira vista, os Estado Unidos da América ganham em disparada, todavia, quando ele começa tecer comentários do que representa viver aqui ou lá, damos conta de quantos somos espoliados pelo governo, consequentemente, pelo estado brasileiro. Vejamos: “25% da água doce da reserva do mundo é nossa, no entanto, pagamos pelo consumo, o dobro do americano; 95% da energia que consumimos, é gerada por hidroelétricas, entretanto, pagamos uma energia 60% mais cara. Embora sejamos auto-suficientes em petróleo, álcool (as usinas de biodiesel já estão em pleno processo de produção e é nossa a tecnologia), pagamos o combustível mais caro do mundo. Enquanto nos EUA, na compra de um carro, o americano paga 6% de impostos do valor agregado, no Brasil, só de ICMS, nós pagamos 18%, com serviços públicos de péssima qualidade. Além do ICMS, aqui temos dezenas de impostos, alguns, com efeito cascata, a exemplo do CPMF e o governo ainda nos penaliza com um imposto de renda antecipado, retido na fonte. Pagamos imposto de renda acima de R$ 1.200, 00 (um mil e duzentos reais), o estadunidense só paga imposto de renda acima de US$ 3.000,00 (três mil dólares) por mês e, no final de exercício fiscal”. Assim, a carta vai discorrendo sobre o que os EUA exigem dos seus cidadãos e a contrapartida dos serviços públicos de qualidade, enquanto os nossos serviços públicos se nivelam aos dos países mais subdesenvolvidos do mundo. Por isso, achamos que é o leitor desse artigo que irá dar a resposta se cada povo tem o governo que merece de acordo sua visão de mundo, sua consciência política e seus interesses particulares. Que exerçamos diuturnamente a nossa cidadania, cobrando dos nossos deputados, dos nossos vereadores, do nosso prefeito, do nosso governador e do presidente. E, que cobremos também dos prestadores de serviço e daquelas empresas que nos vendem gato por lebre, de péssima qualidade, às vezes, com defeitos de fabricação. Enfim, é impossível, hoje, fazer o papel da avestruz, do alienado, do indiferente, do egoísta, daqueles que pensam que é possível ter Deus pra si e o diabo para os outros! Entretanto, se a maioria dá IBOPE aos corruptos, aos sanguessugas e aos valeriodutos, então, vamos respeitar o povo, pois “cada povo tem o governo que merece...”
(Rilvan Batista de Santana - saber-literario.blogspot.com.br).
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