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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sem clima para retornar, Renan pede licença de 10 dias do mandato

O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu hoje dez dias de licença do mandato parlamentar. Isolado e enfraquecido por uma série de denúncias, Renan pediu no último dia 11 uma licença de 45 dias da presidência do Senado. Desde então, ele não apareceu mais no Senado para trabalhar.
Folha Imagem
Renan pede licença de dez dias ao Senado depois de se afastar da presidência da Casa
Essa nova licença não será somada ao período de 45 dias. Representa apenas uma justificativa para a ausência de Renan por dez dias nas próximas sessões do Senado.
Oficialmente, interlocutores de Renan dizem que ele usará o período da licença para fazer exames médicos de rotina --que ele costuma fazer anualmente.
Nos bastidores, entretanto, aliados de Renan disseram que ele teme retomar agora suas atividades como parlamentar no Senado. A Folha Online apurou que Renan avalia que o clima não é dos melhores e o peemedebista teme ser prejudicado nos desdobramentos dos processos que tramitam contra ele no Senado.
Amanhã, por exemplo, a Mesa Diretora do Senado decide se vai encaminhar a sexta representação contra Renan ao Conselho de Ética da Casa. Desta vez, Renan é acusado de apresentar uma emenda que permitiu o repasse de R$ 280 mil para uma empresa fantasma.
O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), negou hoje que esteja disposto a arquivar as representações contra Renan e contra Eduardo Azeredo (PSDB-MG). "O julgamento precoce está um vício no Brasil, a gente tem que ter naturalidade para tratar. O mais importante, eu cumpri. Na quinta-feira, ao receber as representações, eu imediatamente convoquei a Mesa para terça-feira e pedindo uma decisão que seja soberana e à altura da responsabilidade política da instituição", disse.
Segundo reportagem publicada pela Folha, Viana estaria negociando o arquivamento alegando que o Conselho de Ética do Senado já rejeitou representação semelhante contra Azeredo, em 2006, por envolvimento no chamado mensalão tucano --esquema de caixa dois nas campanhas eleitorais de Minas.
A absolvição de Azeredo estaria num "pacote" de negociação entre governo e PSDB, cujo principal item é a CPMF.
O senador também estaria articulando a rejeição da representação contra Renan porque considera um "exagero" mais uma investigação contra o peemedebista --que já responde a outros cinco processos no Conselho de Ética. Ao tentar articular a rejeição às duas representações, o PT estaria agradando a oposição em meio às negociações para a votação da emenda que prorroga a CPMF até 2011.


Faltas

Viana reiterou que não pretende cortar parte do salário de Renan. "Ele está no prazo regimental de até 30 dias de manifestar sua ausência ou presença da Casa sem nenhum tipo de ameaça à sua estabilidade de senador. A princípio, é absolutamente natural que ele julgue que não teve condições de vir nesses primeiros dias e apresentar suas razões, que podem ser documentais ou colocadas perante a Mesa do Senado", disse Viana.
O presidente interino do Senado reiterou que Renan deve deixar a residência oficial, que ocupava enquanto presidente da Casa, para morar em um dos apartamentos funcionais oferecidos pelo Legislativo. "Ele havia me dado a informação que estava fazendo a opção de ficar no seu apartamento para preservar mais a sua privacidade e a da sua família."


Processos

Renan já foi absolvido em um processo de cassação mas ainda responde a outros quatro no Conselho de Ética da Casa por quebra do decoro parlamentar.
O peemedebista foi absolvido pelo plenário do Senado no processo que foi acusado de usar recursos da Mendes Júnior para pagar despesas pessoais, como pensão e aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem ele tem uma filha.
Renan ainda responde à acusação de ajudar a reverter uma dívida de R$ 100 milhões da Schincariol com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Nesse segundo processo, o relator é o senador João Pedro (PT-AM).
No terceiro processo Renan é acusado de usar "laranjas" para comprar um grupo de comunicação em Alagoas. O processo tem o senador Jefferson Peres (PDT-AM) como relator.
O quarto processo foi aberto para investigar a denúncia de que Renan teria participado de um esquema de desvio de recursos em ministérios controlados pelo PMDB. O processo tem o senador Almeida Lima (PMDB-SE) --aliado de Renan-- como relator.
O PSDB e o DEM apresentaram uma nova representação contra o peemedebista. Nessa representação, a quinta, ele é acusado de montar um dossiê para chantagear os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). A espionagem teria sido feita pelo ex-assessor especial de Renan, o ex-senador Francisco Escórcio.

Fonte: www.folha.com.br

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